Você mora no Rio de Janeiro e já teve alguma encomenda que sumiu no centro de triagem de Benfica, dos Correios? Ela pode ter sido desviada em um esquema revelado pela Polícia Federal, que deflagrou a Operação Replicante nesta ultima terça-feira (24): o objetivo é desarticular uma fraude que causou prejuízo de até R$ 1 milhão.
Como funcionava o esquema nos Correios?
Segundo a PF, a investigação começou em janeiro de 2019 e se concentrou no CTE (Centro de Triagem dos Correios) em Benfica, maior armazém de distribuição de encomendas do RJ. Descobriu-se que funcionários pegavam itens de alto valor, como celulares e eletrônicos em geral, e as desviavam para terceiros.
O esquema funcionava assim:
- os funcionários substituíam as etiquetas verdadeiras, que continham os dados da entrega, por etiquetas falsas;
- dessa forma, os pacotes “sumiam” do fluxo postal e eram dados como extraviados;
- as encomendas recebiam rótulos falsos com números de postagem já utilizados, permitindo escolher outro nome e endereço de destinatário;
- as caixas iam para os carteiros, que aparentemente não sabiam das etiquetas falsas e realizavam a entrega para o endereço que constava nelas;
- os membros da organização criminosa acompanhavam tudo e combinavam a revenda dos itens usando um grupo de WhatsApp chamado “Empresas e Negócios”.
A PF estima que o valor total desviado “pode chegar a R$ 1 milhão”. Os investigados vão responder pelos crimes de organização criminosa e peculato. Para desmantelar o esquema, a operação realizou nove mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro, com a participação de aproximadamente 50 policiais.
Os mandados estão sendo cumpridos no próprio CTE Benfica e nos bairros de Bento Ribeiro, Campinho, Coelho Neto, Engenho da Rainha, Madureira, Piedade e Tomás Coelho. Não há mandados de prisão. Dois dos acusados trabalham nos Correios; a estatal colaborou com as investigações.
Em maio, o Procon do Estado do Rio de Janeiro abriu uma investigação preliminar contra os Correios após receber mais de 300 reclamações sobre problemas na entrega. E, em junho, o Ministério Público Federal entrou com ação civil pública para que a estatal regularizasse as entregas para Petrópolis (RJ), porque várias remessas ficavam retidas no CTE de Benfica.
Fonte: TecnoBlog