A OpenAI anunciou na segunda-feira (01/04) que visitantes do site do ChatGPT em algumas regiões agora podem utilizar o assistente de IA sem precisar fazer login. Anteriormente, a companhia exigia a criação de uma conta para usar o serviço, mesmo na versão gratuita que atualmente é baseada no modelo de linguagem GPT-3.5. No entanto, como já apontamos anteriormente, o GPT-3.5 é conhecido por fornecer informações menos precisas comparado ao GPT-4 Turbo, disponível nas versões pagas do ChatGPT.
Desde o seu lançamento em novembro de 2022, o ChatGPT se transformou de uma demonstração tecnológica em um assistente de IA completo, e sempre ofereceu uma versão gratuita. O custo é zero porque “você é o produto”, como diz o velho ditado. Usar o ChatGPT ajuda a OpenAI a coletar dados que treinarão futuros modelos de IA, embora usuários gratuitos e assinantes do ChatGPT Plus possam optar por não permitir que os dados inseridos sejam usados para treinamento. (A OpenAI afirma que nunca treina modelos com dados de usuários dos planos Corporativo e Equipe.)
Abrir o ChatGPT para todos pode facilitar o acesso para pessoas que gostariam de usá-lo como substituto para buscas no Google ou atrair novos clientes permitindo que experimentem o serviço rapidamente antes de oferecer um upgrade para as versões pagas.
“É fundamental para nossa missão tornar ferramentas como o ChatGPT amplamente disponíveis para que as pessoas possam vivenciar os benefícios da IA”, afirma a OpenAI em sua página de blog. “Para qualquer pessoa curiosa sobre o potencial da IA mas que não queria passar pelo processo de criar uma conta, comece a usar o ChatGPT hoje mesmo.”
Como crianças também poderão utilizar o ChatGPT sem conta – apesar de violar os termos de serviço – a OpenAI diz que está introduzindo “medidas de segurança adicionais”, como bloquear mais comandos e “gerações em uma gama maior de categorias”.
Entramos em contato com a companhia para esclarecimentos sobre este ponto, e um porta-voz da OpenAI informou a Ars Technica que a experiência do ChatGPT sem login incorporará medidas de segurança existentes para prevenir a geração de conteúdo nocivo, e que estão adicionando salvaguardas adicionais para lidar especificamente com outros tipos de conteúdo que possam não ser apropriados para uma experiência sem login.
Pode haver algumas desvantagens para a abordagem totalmente aberta. No site X, o pesquisador de IA Simon Willison escreveu sobre o potencial de abuso automatizado como forma de driblar o pagamento pelos serviços da OpenAI: “Será que a prevenção contra scrapeamento deles funciona? Imagino que a tentação de abusar disso como uma API gratuita do 3.5 seja bem forte.”
Nessa linha, o porta-voz da OpenAI disse que as equipes internas da companhia consideraram cuidadosamente como detectar e prevenir o abuso da experiência sem login, sem fornecer detalhes adicionais.
Com a competição acirrada, mais acesso ao GPT-3.5 pode ser contraproducente
Willison também mencionou uma crítica comum à OpenAI (neste caso, feita pelo professor Ethan Mollick da Wharton) de que a percepção das pessoas sobre o que os modelos de IA podem fazer tem sido largamente influenciada pelo GPT-3.5, que, como mencionamos, é bem menos capaz e mais propenso a inventar informações do que a versão paga do ChatGPT que usa o GPT-4 Turbo.
Com modelos como o Google Gemini Pro 1.5 e o Anthropic Claude 3 potencialmente superando o melhor modelo proprietário da OpenAI no momento – e modelos de pesos abertos eclipsando a versão gratuita do ChatGPT – permitir que as pessoas usem o GPT-3.5 pode não ser a melhor estratégia da OpenAI. O Microsoft Copilot, que usa modelos da OpenAI, também oferece uma experiência sem fricção e sem necessidade de login, mas permite o acesso a um modelo baseado no GPT-4. Por enquanto, o Gemini exige login e o Anthropic envia um código de acesso por e-mail.
A OpenAI diz que a versão do ChatGPT sem login ainda não está disponível para todos, mas chegará em breve: “Estamos lançando isso gradualmente, com o objetivo de tornar a IA acessível a qualquer pessoa curiosa sobre suas capacidades.”