Na segunda-feira (23), Matthew Prince, CEO da Cloudflare, uma das maiores empresas globais de infraestrutura de internet, negou qualquer envolvimento da companhia em recentes bloqueios digitais no Brasil. Em uma entrevista à Bloomberg, Prince abordou as especulações de que a Cloudflare teria trabalhado com a Anatel para bloquear o acesso ao X, antiga plataforma conhecida como Twitter.
“Para ser honesto, eu não sei sobre o que as autoridades brasileiras estão falando, pois nós não trabalhamos especificamente com eles para bloquear o X ou fazer o X ficar acessível no Brasil”, declarou Prince. A fala reforça a posição da empresa em se distanciar de qualquer ação direta relacionada a censura ou bloqueios impostos por governos.
A Anatel tem tomado decisões de controle digital em meio a discussões sobre o uso e regulação da internet no Brasil, especialmente com o crescimento de discursos sobre moderação de conteúdo e combate à desinformação. Entretanto, Prince deixou claro que a Cloudflare mantém sua missão de proporcionar uma internet aberta e segura para todos os usuários, sem interferências governamentais, salvo por ordens judiciais devidamente fundamentadas.
Nos últimos meses, várias plataformas enfrentaram suspensões temporárias no Brasil, gerando debates acalorados sobre a relação entre liberdade de expressão e a atuação de empresas de tecnologia. Nesse contexto, a Cloudflare, como uma das principais fornecedoras de proteção de dados e entrega de conteúdo, foi alvo de especulações sobre sua colaboração com a Anatel e outras entidades governamentais.
“Nossa missão é ajudar a construir uma internet melhor, mais segura e acessível. Não colaboramos com bloqueios arbitrários”, reforçou o CEO. Ele ainda destacou que, em casos em que existem ordens judiciais claras e legais, a empresa segue a legislação local, mas sem realizar ações fora de sua competência.
As declarações de Prince reacenderam o debate sobre o papel das grandes empresas de tecnologia na regulamentação da internet. Com a dependência crescente de plataformas digitais, a Cloudflare reafirma sua postura em garantir a neutralidade da rede, preservando o acesso irrestrito à informação, salvo em situações que exigem cumprimento de leis.
Com o cenário brasileiro em evolução, a discussão sobre o equilíbrio entre governança digital e a liberdade online promete se intensificar, e as falas de Matthew Prince certamente irão contribuir para o diálogo sobre o papel das gigantes da tecnologia na proteção da infraestrutura da internet e seus limites frente às autoridades governamentais.