Cisco deu um banho de água fria nos ânimos do mercado ao confirmar a demissão de até 4.000 funcionários e adiar a expectativa de retomada nos gastos das operadoras de rede para o ano que vem.
A gigante da tecnologia esperava que as empresas de telecom voltassem a abrir a carteira no segundo semestre de 2023, mas a previsão mudou nas últimas semanas. “Os planos mudaram bastante, os clientes estão adiando investimentos”, resumiu o CEO Chuck Robbins durante a teleconferência de resultados, segundo o Seeking Alpha.
Resultado: a Cisco rebaixou suas perspectivas financeiras e confirmou o corte de cerca de 5% de sua força de trabalho, equivalente a 4.000 vagas. Vale lembrar que a Cisco não está sozinha. Calix, Corning, Viavi Solutions e Clearfield estão entre os fabricantes de equipamentos de telecomunicações que alertaram recentemente sobre a pausa nos gastos das operadoras americanas e globais.
Mas nem tudo é cinza. Ao menos na visão de Cisco. A empresa destacou o progresso na estratégia de migrar da venda de hardware para assinaturas de software, modelo que já responde por 50% da receita, contra 44% um ano atrás. “Estamos indo bem na mudança do modelo de negócios para receitas recorrentes, sem esquecer da disciplina financeira, alavancagem operacional e retorno aos acionistas, como mostra o aumento dos dividendos”, afirmou Scott Herren, CFO da Cisco.
Outro ponto positivo apontado pela empresa foi o avanço no segmento wireless, com aumento de 50% nos pedidos acima de US$ 1 milhão. “Isso indica que muitas operadoras wireless estão prontas para grandes implementações nos próximos meses”, disse Robbins, que também descartou qualquer ameaça ao negócio vinda da fusão proposta entre HPE e Juniper Networks.
E a Inteligência Artificial?
Cisco ainda mantém a previsão de US$ 1 bilhão em vendas de IA para o próximo ano fiscal, mas com um detalhe: o “pipeline” de oportunidades triplicou desde a última estimativa. A empresa também está na segunda fase da parceria com a Nvidia, vendendo juntas GPUs e soluções de rede para empresas, com produtos previstos para o fim do ano. Ah, e esse acordo com a Nvidia, gigante do setor de IA, não está contabilizado na meta de US$ 1 bilhão, viu?
Então, a rede pode estar dando um tempo, mas a Cisco parece estar apostando em outras frentes para manter o ritmo de inovação. Será que a estratégia vai dar certo? Só o tempo dirá.