Cientistas da Universidade College London (UCL) apresentaram um projeto de transmissão de internet por fibra óptica capaz de atingir uma velocidade de 178,08 terabits por segundo (Tbps). A velocidade foi atingida com o uso de um espectro com quantidade maior de cores e maior comprimento de ondas que os utilizados atualmente, representando o dobro da rede mais veloz disponível hoje em dia, obtida em um cabo de 40 quilômetros de extensão.
O estudo foi liderado por uma pesquisadora brasileira, a Dra. Lídia Galdino, que é professora de engenharia da UCL. A universidade trabalha no projeto em colaboração com a Xtera e a KDDI Research com o objetivo de amplificar sinais de transmissão de dados a partir de tecnologias disponíveis hoje. Para obter isso, o grupo usou amplificadores e otimizadores de sinal que trabalham individualmente com cada frequência, comprimento de onda e sinal.
Com tudo isso, a infraestrutura testada pela universidade foi capaz de obter uma largura de banda de 16,8 THz, que propiciou tais otimizações e amplificações para que se atingissem os 178 Tbps de transmissão. Na comparação, esses números são quase quatro vezes maiores que as larguras atuais, de 4,5 THz. Hoje, a banda de fibra óptica mais rápida do mundo é do Google, em um projeto chamado Faster. O cabo que liga o Japão à costa oeste dos Estados Unidos tem uma taxa de transferência de 60 Tbps, quase três vezes menor que a da pesquisa da UCL.
Os especialistas da universidade afirmam que os métodos usados pelo estudo, ainda que especializados e com maior necessidade de investimentos e trabalho, são comercialmente viáveis, principalmente se a infraestrutura necessária for construída ligando um backbone a elementos já existentes, como a comunicação entre torres de transmissão 4G ou 5G ou na instalação de novos data centers ou regiões residenciais.
Além disso, afirma o estudo, uma adaptação das tecnologias já disponíveis também seria possível, com a instalação de amplificadores de sinais a intervalos de 40 km a 100 km, a um custo de cerca de US$ 21,1 mil cada unidade. É um valor alto, claro, mas também menos que o total envolvido na instalação de nova fiação que seja capaz de lidar com a taxa de transmissão, em um total estimado de US$ 594 mil por quilômetro, de acordo com os pesquisadores.
A UCL também leva em conta que os valores, ainda que altos, seriam capazes de promover inclusão digital em médio prazo, principalmente diante do aumento na necessidade de velocidade por conta da pandemia, que encareceu as conexões. De acordo com Galdino, o desenvolvimento de tecnologias que permitam uma transmissão de dados mais eficiente e rápida é essencial para atender demandas futuras, com maior consumo de dados e necessidade de entrega destas informações aos usuários.
Vídeo sob demanda, aulas online e o uso de sistemas de armazenamento de informações são apenas alguns exemplos de necessidades atuais que já dependem de uma transmissão de alta velocidade e volume, todos com tendências de aumento nos próximos anos. Para a especialista, porém, a pandemia demonstrou que a nossa rede atual é inadequada para lidar com esse potencial de crescimento, um problema antigo e que, até agora, não está sendo resolvido. Além disso, no maior complicador, não há internet confiável e barata, algo que agora o estudo vem propor.