Após uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) determinar o bloqueio do acesso à rede social X no Brasil, a plataforma de Elon Musk conseguiu voltar a funcionar redirecionando o tráfego dos usuários para a Cloudflare, uma das maiores empresas de serviços de rede e segurança da internet. O uso dessa estratégia tecnológica, no entanto, já chamou a atenção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que estuda formas de bloquear novamente o acesso à plataforma.
A decisão do STF foi tomada em razão de supostas violações às leis brasileiras por conteúdos considerados nocivos na rede social. Contudo, o time de engenharia do X rapidamente encontrou uma maneira de contornar a situação, recorrendo ao Cloudflare, que oferece um serviço de rede de entrega de conteúdo (CDN). O CDN funciona como um intermediário entre o servidor da rede social e os usuários, distribuindo o tráfego e mascarando a origem real dos dados. Isso significa que, ao acessar o X, o usuário não se conecta diretamente ao servidor da plataforma, mas sim à infraestrutura da Cloudflare, que redistribui o tráfego globalmente.
Esse redirecionamento dificulta a execução do bloqueio, já que os servidores da Cloudflare estão localizados em diversos países e utilizam uma ampla gama de endereços IP que podem variar rapidamente. Como resultado, os provedores de internet brasileiros enfrentam dificuldades em filtrar o tráfego da plataforma, permitindo que os usuários voltem a acessar a rede social, apesar da proibição judicial.
A Anatel já está ciente da situação e trabalha em conjunto com os provedores de internet para identificar novas formas de reforçar o bloqueio. A principal preocupação é que o uso de serviços como a Cloudflare cria um desafio técnico adicional, já que envolve não só o bloqueio da rede social, mas também a identificação de todo o tráfego que passa pelos servidores CDN, o que pode acabar impactando outros serviços legítimos.
Especialistas em segurança da informação alertam que essa tática não é novidade e já foi usada por outras plataformas em situações semelhantes. No entanto, eles ressaltam que o uso prolongado de mecanismos para burlar bloqueios judiciais pode trazer consequências legais para as empresas envolvidas, como multas e a suspensão de operações em outros países.
Enquanto a batalha técnica e jurídica continua, o caso serve de exemplo sobre os desafios das regulações nacionais frente às complexas e dinâmicas estruturas da internet global.